Yasmin Paiva, 8 anos, acorda de três a quatro vezes por madrugada. Desde bebê, seu sono é agitado – a mãe, Milena, chegou a desconfiar de que um bicho estivesse no pijama da menina, de tanto que ela se mexia durante a noite. Pontualmente, à 1 hora da manhã, ouvem-se os passos de Yasmin no corredor: ela caminha até o quarto dos pais, onde tenta voltar a dormir. “Ela fica entre mim e o meu marido. Às vezes, murmura baixinho, até pegar no sono. Fica inquieta o tempo todo”, conta Milena.
As crianças com autismo, como Yasmin, têm mesmo maior dificuldade para dormir. Foi essa a conclusão de um estudo publicado no jornal científico Archives of Disease in Childhood, após analisar uma amostra de 39 pessoas com o transtorno e 7 mil sem, na Inglaterra. Até os dois anos e meio, os bebês dos dois grupos não manifestaram comportamento diferente durante o sono. Mas, após essa idade, surgiu o contraste: em média, as crianças com autismo dormem 43 minutos a menos do que as demais, por noite. Entre 6 e 7 anos, a probabilidade dos autistas acordarem três ou mais vezes é de 10% – entre os outros é de apenas 0,5%.
Por que acontece a alteração? Há um conjunto de fatores que podem contribuir para que a noite das crianças autistas seja mais agitada. O primeiro deles é a dificuldade que algumas têm em diferenciar o claro e o escuro – principalmente nos casos do autismo associado à deficiência visual. Sem perceber a presença da luz, o organismo produz quantidades reduzidas de melatonina, neurotransmissor cerebral que influencia no sono. Outra explicação é a dificuldade dessas de focar em um só estímulo. “Quando há muitas informações sensoriais no quarto, como ruídos e enfeites, elas não conseguem abstrair e processar tudo”, explica o neurologista Antonio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe (PR). A costura do pijama e o barulho dos carros na rua, por exemplo, podem dificultar a concentração no sono. Além disso, as crianças autistas costumam se autoestimular, como balançar as mãos, manipular um objeto por longos períodos ou pular sem parar – e os gestos repetitivos também contribuem para que elas percam o foco no descanso. É importante ficar atento a outros sintomas do espectro autista que podem se manifestar durante a noite: convulsões ou epilepsia. Uma avaliação neurológica ou um estudo do sono podem detectar os possíveis problemas.
Depois da noite agitada, é natural que as crianças amanheçam cansadas, irritadiças e mais desconcentradas, afinal, o sono é reparador. “A Yasmin fica mal-humorada. Precisei mudar o horário das atividades para mais tarde, porque ela não conseguia acordar disposta”, diz Milena. Um tratamento que pode ser adotado pelos neurologistas é receitar doses diárias de melatonina. No caso de Yasmin, a medicação foi a solução encontrada para melhorar a qualidade do sono. Confira outras dicas práticas:
- Evite decorar o quarto da criança com muitos enfeites e cores. Se possível, diminua os ruídos externos durante a noite.
- Prepare um ambiente bem escuro para ela.
- Não durma no mesmo cômodo que seu filho. Por mais que você queira ajudar, será mais um foco de distração para ele.
- Quando a criança acordar durante a noite, evite pegá-la no colo. Mesmo com a intenção de dar carinho, você proporcionará mais um estímulo que pode atrapalhar o sono dela.
- A atividade física é uma boa forma de gastar energia. Prefira o período da manhã ou o início da tarde.
- Alimentos estimulantes, como chocolate, café e chá, não devem ser ingeridos próximos à hora de dormir.
- E nunca se esqueça: criar uma rotina de horários para dormir e acordar é importante para o organismo da criança.
Fonte: Crescer
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